Homem tenta matar mulher para ter escrava sexual mumificada
Mãe disse que filho contou um "sonho" de ter uma mulher morta, mumificada e conservada com formol para poder "usá-la" como quisesse

Luciano Meira
Um crime brutal e com motivação chocante abalou a cidade de Bocaiúva no norte do Estado. Um jovem de 19 anos foi indiciado por tentativa de feminicídio após atacar uma mulher de 27 anos em um motel. As investigações da Polícia Civil revelaram que o ataque foi premeditado, e a intenção do agressor era assassinar a vítima, mumificar o corpo e utilizá-lo como “escrava sexual”.
A vítima, proprietária de um bar na cidade, teve apenas o segundo encontro com o investigado no dia do crime, sem qualquer vínculo afetivo ou sexual anterior. Segundo relato da vítima e do delegado Thelles Bustorff, não houve discussão ou briga no motel. O ataque ocorreu de forma repentina. O suspeito aplicou um golpe de “mata-leão” na mulher e, em seguida, desferiu dois golpes de canivete no pescoço, atingindo a lateral e a parte posterior.Mesmo ferida, a vítima conseguiu resistir mordendo o braço do agressor, se desvencilhar e fugir do quarto para pedir socorro. Ela foi socorrida pelo Samu e encaminhada para o hospital de Bocaiúva, onde permaneceu estável. O suspeito foi encontrado pela Polícia Militar deitado tranquilamente na cama do motel. Ele tentou esconder o canivete na bolsa da vítima e jogá-lo no vaso sanitário, sem sucesso. O canivete foi apreendido.

A motivação do crime, inicialmente pouco clara, começou a ser desvendada pela Polícia Civil ao conversar com familiares e pessoas ligadas ao jovem. O depoimento da mãe do suspeito foi fundamental. Ela revelou que, duas semanas antes do crime, o filho contou um “sonho” de ter uma mulher morta, mumificada e conservada com formol para poder “usá-la” como quisesse.
A mãe também contou que encontrou medicamento que provoca sonolência (Diazepam) nos pertences do filho. Questionado, ele disse que queria dopar a mulher para que ela ficasse “quieta, parada, sem nenhum tipo de reação” e assim usá-la “como uma espécie de escrava sexual”.
As investigações também trouxeram à tona o histórico de comportamento problemático do jovem. A mãe o descreveu como agressivo, chegando a ameaçá-la com uma faca. Ele passava a maior parte do tempo no quarto e não tinha amigos. Uma supervisora da escola onde ele estudou relatou que ele tinha um comportamento “completamente estranho”, assistia pornografia na escola, mostrava para colegas e chegou a ameaçar de morte a supervisora e os colegas. Devido a esse comportamento, os pais chegaram a levá-lo a psicóloga e psiquiatra.
Durante buscas na casa do investigado, a polícia apreendeu algemas, DVDs e livros sobre assassinos em série e psicopatia, indicando uma obsessão com violência.
Para a Polícia Civil, o crime foi premeditado porque o investigado escolheu uma vítima com quem não tinha ligação, o que dificultaria sua vinculação ao crime caso ela desaparecesse. A vítima ter resistido e conseguido escapar não estava sob o controle do agressor.
O delegado Thelles Bustorff afirmou que, embora o jovem possua laudos médicos que atestam comportamento violento, a Polícia Civil entende que ele é plenamente imputável. O delegado explicou que não há doença mental que justifique a inimputabilidade penal, mas sim indícios de psicopatia ou um transtorno de personalidade que causa apatia social, conduta antissocial e ausência de remorso. Para a polícia, transtornos de personalidade não tiram o discernimento do indivíduo sobre a ilegalidade de sua conduta.
O jovem foi indiciado por tentativa de feminicídio qualificado, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima, e por motivo torpe. A defesa, no entanto, discorda do indiciamento, alegando “excesso de punitivismo” e argumentando pela inimputabilidade ou semi-inimputabilidade do investigado devido a “severo distúrbio psiquiátrico” e a configuração de “desistência voluntária”.
O suspeito permanece preso em Bocaiúva, à disposição da Justiça. O inquérito foi encaminhado à Justiça para prosseguimento do processo criminal.