Itaguara pode se tornar a Capital Estadual da Rapadura
Deputada Ione Pinheiro apresenta dois projetos que valorizam tradição centenária e fortalecem economia local; proposta principal oficializa título para o município mineiro

Luciano Meira
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais começou a analisar dois projetos de lei da deputada Ione Pinheiro (União), que colocam Itaguara, no Centro-Oeste mineiro, no epicentro da valorização da rapadura artesanal. O projeto 4463/2025, confere ao município o título de Capital Estadual da Rapadura. Já o projeto 4472/2025 reconhece oficialmente o modo artesanal de produção do doce como de relevante interesse cultural, social e econômico do Estado.
Tradição de mais de um século
Itaguara carrega na história relatos de engenhos produzindo rapaduras há mais de 100 anos. A tradição se baseia em técnicas artesanais que incluem moagem da cana-de-açúcar colhida na maturação ideal, fervura do caldo, moldagem e secagem. Produzida em formato de tijolo, a rapadura de Itaguara mantém sabores clássicos, como a versão pura, e receitas acrescidas de amendoim, mamão, coco, laranja e abóbora.
O município recebeu, em 2021, reconhecimento formal do Modo Artesanal de Fazer Rapadura como patrimônio imaterial por meio do Decreto municipal nº 1764/2021. Apesar disso, a deputada defende que o título estadual traria maior visibilidade, potencializando turismo, comércio e orgulho comunitário.
Peso econômico para famílias rurais
Segundo levantamento da Emater-MG, a cidade conta com 19 unidades de processamento da cana e 40 produtores de rapadura. Juntos, eles produzem mensalmente 95.556 unidades, equivalentes a 2.171 caixas.
A comercialização ocorre tanto na Ceasa Minas e em municípios como Piranguinho, Formiga, Itaúna, São João del-Rei, Pará de Minas, Divinópolis e Carmo do Cajuru, além de vendas para o Rio de Janeiro e feiras regionais.
Potencial turístico e cultural
Para Ione Pinheiro, Itaguara reúne atributos que justificam o reconhecimento estadual: tradição centenária, produção relevante e forte vínculo cultural. A rapadura, além de item gastronômico, é peça identitária que atravessa gerações, fortalecendo vínculos comunitários. A deputada vê no título de Capital Estadual da Rapadura uma oportunidade para implementar políticas de promoção turística e acesso a novos mercados.
Os dois projetos agora seguem para análise das Comissões de Justiça e, respectivamente, de Agropecuária e de Cultura da Assembleia Legislativa, antes de serem votados em plenário. Caso aprovados, a doce tradição de Itaguara ganhará ainda mais força no cenário mineiro.