Ucrânia aceita proposta dos EUA de cessar-fogo por 30 dias

Luciano Meira – Agências
A Ucrânia acatou, nesta terça-feira, 11, o acordo proposto pelos Estados Unidos para cessar-fogo com a Rússia durante 30 dias. Representantes dos países americano e ucraniano se reuniram durante esta tarde, na Arábia Saudita, para discutir possíveis tratados de paz. O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, deve conversar ainda com representantes russos para verificar se o acordo será selado.Apesar de estar no país saudita, o presidente Volodimir Zelensky não participou da reunião. Após a deliberação, ele elogiou o tratado mostrou-se satisfeito.
O governo ucraniano também se comprometeu a promover atitudes em prol de uma paz duradoura, enquanto os americanos divulgaram que voltarão a fornecer compartilhamento de informações de inteligência e assistência de segurança ao país de Zelensky.Segundo Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, o período de 30 dias estipulado pelo acordo imediato pode ser prolongado a depender de futuras negociações. A reação da Rússia, por sua vez, é esperada com alta expectativa pelos diplomatas internacionais.
Rubio, peça-chave nas conversas em Jeddah, informou que a proposta foi aceita pelos ucranianos e que agora “a bola está no campo [dos russos]”.
Ele disse esperar que a Rússia aceite o cessar-fogo, mas, caso contrário, “infelizmente saberemos qual é o impedimento para a paz aqui”.
O conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, afirmou que a reunião abordou detalhes sobre como a guerra terminará permanentemente e que tipo de garantias de segurança a longo prazo serão necessárias.
Questionado se a oferta dos EUA inclui um “cessar-fogo completo ao longo da linha de frente, e não apenas o cessar-fogo aéreo e marítimo proposto pelos ucranianos”, Rubio respondeu “sim” — “a oferta é para parar os disparos”.
Ele enfatizou que a única maneira de terminar a guerra é por meio de negociação e que, para isso, os “disparos” precisam parar.
Enquanto as reuniões ocorriam na Arábia Saudita, três pessoas morreram em um ataque com drones durante a madrugada na região de Moscou — a Rússia afirma que foi o maior ataque desse tipo desde o início da guerra.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky agradeceu a Trump pela “conversa construtiva” entre as equipes realizada em Jeddah.
Em um vídeo, Zelensky reiterou que a posição da Ucrânia é aceitar a proposta dos EUA de cessar-fogo no céu, no mar e na linha de frente.
Ele afirmou que considera a proposta “positiva” e agora “cabe aos Estados Unidos” convencer a Rússia a aceitar. “A Ucrânia está pronta para a paz”, afirmou Zelensky.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que este “pode ser um passo em direção a uma paz abrangente, justa e duradoura para a Ucrânia”.
“A UE está pronta para desempenhar seu papel completo, juntamente com seus parceiros, nas próximas negociações de paz”, acrescentou.
Atualmente, Moscou controla cerca de um quinto do território da Ucrânia, principalmente no sul e no leste.
Após a derrubada do presidente pró-Rússia da Ucrânia em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, no Mar Negro, e apoiou os separatistas pró-Rússia em combates sangrentos nas regiões de Donetsk e Luhansk.
O conflito se transformou em uma guerra total há três anos, após a invasão em larga escala da Rússia. As tentativas de Moscou de tomar a capital Kiev foram frustradas, mas desde então as forças russas expandiram lentamente seu controle territorial, principalmente no leste.
As forças ucranianas, apoiadas por armas e equipamentos dos EUA e de aliados europeus, dificultaram ao máximo esses avanços e, às vezes, conseguiram retomar territórios, além de realizar uma contraofensiva no oeste da Rússia.
A Ucrânia sempre insistiu que qualquer acordo de paz deve incluir a retirada total das tropas russas da Ucrânia de volta às fronteiras anteriores a 2014, incluindo da Crimeia, de Donetsk e Luhansk.
Em contrapartida, a Rússia anexou formalmente mais quatro regiões do leste e sul da Ucrânia desde 2022, e quer que elas sejam reconhecidas como parte da Rússia — apesar de não estar no controle de todo o território nessas regiões.