Morre Hermeto Pascoal aos 89 anos no Rio; “bruxo” das sonoridades deixa legado universal

Ícone da música instrumental brasileira, compositor faleceu cercado pela família e músicos; velório será aberto ao público

Hermeto Pascoal – Foto: Reprodução
Luciano Meira

O multi-instrumentista e compositor Hermeto Pascoal morreu neste sábado (13), aos 89 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Considerado um dos maiores gênios da música brasileira, Hermeto faleceu cercado por familiares e companheiros de palco, conforme informado por sua equipe nas redes sociais. O artista deixa seis filhos, 13 netos, dez bisnetos e uma obra que atravessa fronteiras e estilos, marcada pela originalidade e busca incessante pelo som universal.

Despedida e homenagens

O velório do artista será aberto ao público amanhã, segunda-feira (15), na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, zona oeste do Rio, das 14h às 21h. A decisão de celebrar a partida de Hermeto em um espaço público reforça o desejo da família de partilhar o legado do músico com admiradores e colegas, numa homenagem coletiva à inventividade do “bruxo dos sons”.

A notícia do falecimento gerou comoção no universo musical. Amigos, discípulos e fãs destacaram nas redes sociais o caráter único da trajetória do alagoano, que transformou instrumentos convencionais e objetos cotidianos, como chaleiras e copos d’água, em fontes de invenção sonora. Em nota, a família pediu que “não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, a cachoeira. A música universal segue viva”.

Trajetória e importância

Nascido em Lagoa da Canoa (AL), em 1936, Hermeto era autodidata e ficou conhecido pela versatilidade: tocava acordeão, piano, flauta, saxofone e tudo que estivesse ao alcance das mãos e da imaginação. Dono de carreira internacional, trabalhou com gigantes como Miles Davis e encantou plateias nos cinco continentes com obras que mesclavam baião, jazz, frevo e improvisações pouco ortodoxas. Costumava afirmar que sua obra era simplesmente “música universal”, conceito que impulsionou a liberdade criativa de várias gerações de músicos brasileiros e estrangeiros.Seu reconhecimento foi ampliado nos últimos anos. Em 2024, Hermeto conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Jazz Latino, ao lado do grupo e de sua esposa Ilza. Em 2025, foi eleito novamente “Melhor artista instrumental” do Prêmio da Música Brasileira.

Últimos meses e legado

A causa da morte não foi divulgada, mas há meses o músico vinha cancelando apresentações em função da saúde debilitada, conforme relatado por familiares. Seu último show no Brasil foi realizado em junho, no MIMO Festival, no Rio. Hermeto deixa como última mensagem a prática da escuta e da criatividade: “Quem desejar homenageá-lo, deixe soar uma nota no instrumento, na voz ou na chaleira e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria”.

Hermeto Pascoal sai de cena, mas sua música — feita de liberdade, coragem e genialidade — permanece viva.

O Metropolitano

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