O ‘caçador de marajás’ está na jaula: Fernando Collor é preso em Maceió
Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pelo STF, ex-presidente foi detido quando se deslocava para Brasília

Luciano Meira
O ex-presidente Fernando Collor, 75, foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió. O político vai cumprir pena em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo a defesa, ele foi preso às 4h, quando supostamente estaria se deslocando para Brasília para cumprimento espontâneo da decisão do ministro Alexandre de Moraes.Collor foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em maio de 2023 a uma pena de oito anos e dez meses de reclusão. Na quinta-feira (24), o ministro Alexandre de Moraes negou os últimos recursos apresentados pela defesa dele e determinou a prisão imediata.
O ministro pediu ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, a convocação de sessão virtual do plenário para referendar sua decisão. A sessão foi marcada para esta sexta-feira (25), das 11h às 23h59.
De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou o imediato cumprimento da pena, os recursos apresentados pelos advogados do ex-presidente só repetiram argumentos já descartados em outras ocasiões durante o processo, o que segundo o ministro evidencia a tentativa de protelar o cumprimento da pena.
Collor foi condenado por receber propina de um esquema de corrupção na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras, em uma ação penal cujos crimes foram expostos na Operação Lava Jato. Comprovantes encontrados no escritório do doleiro Alberto Youssef, além de depoimentos de colaboradores da operação, foram usados como elementos de prova na ação.Em agosto de 2015, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou a denúncia, demonstrando que o ex-presidente influenciou o comando e as diretorias da empresa BR Distribuidora, de 2010 a 2014, para garantir a assinatura de contratos da estatal com a construtora UTC, tendo recebido pelo ‘serviço’ R$ 20 milhões em propina.
Trajetória
Fernando Collor de Mello foi presidente da República entre 1990 a 1992, quando foi afastado em processo de impeachment e renunciou ao cargo.
De 2007 a 2023, ele foi senador por Alagoas. Em 2022, disputou o Governo de Alagoas pelo PTB, ficando em terceiro lugar.
Collor é de uma família alagoana com tradição política. Formado em economia, foi prefeito de Maceió em 1979 e depois deputado federal pelo PDS (Partido Democrático Social).
Em 1986, ganhou a eleição para governador de Alagoas com uma campanha focada no combate à corrupção. “O caçador de Marajás”.
Foi eleito em segundo turno pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional) em 1989 após disputar um contra Lula (PT). Foi o primeiro a chegar ao cargo de presidente da República por meio do voto popular após o golpe de 1964.
Exerceu a presidência por dois anos e nove meses depois, quando deixou o cargo, sendo substituído pelo seu vice, Itamar Franco (PMDB), que governou o país até o fim mandato, em 1994.
A queda de Collor na Presidência foi resultante das denúncias feitas pelo seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, e o envolvimento do tesoureiro da campanha do ex-presidente, Paulo César Farias em um esquema de tráfico de influência dentro do governo e de corrupção.