STF agenda julgamento do núcleo 3 da trama golpista para novembro com militares e policial federal

Luciano Meira
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para os dias 11, 12, 18 e 19 de novembro o julgamento do núcleo 3 da trama golpista, que inclui militares de alta patente do Exército e um agente da Polícia Federal acusados de participação operacional na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O grupo é investigado por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, planejamento de assassinatos e ataque às instituições democráticas.
Os réus, conhecidos como “kids pretos”, são especialistas em operações especiais e teriam planejado ações táticas para violar a ordem democrática, incluindo o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa até o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, ainda antes da posse presidencial em 2023. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o grupo atuou em pressões internas do Exército para apoiar o golpe, além da logística de armas e veículos empregada nos ataques de 8 de janeiro.
Segue a lista completa dos envolvidos no núcleo 3, com seus respectivos nomes e postos:
Bernardo Romão Corrêa Netto – Coronel do Exército
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – General da reserva do Exército
Fabrício Moreira de Bastos – Coronel do Exército
Gustavo Dentel – Coronel do Exército
Douglas Baptista de Souza – Tenente-Coronel do Exército
Luciano José Castro Ferreira – Tenente-Coronel do Exército
Mateus Moreira dos Santos – Tenente-Coronel do Exército
Maurício José Bittencourt da Silveira – Coronel do Exército
Paulo Sérgio de Oliveira – Coronel do Exército
Rafael Pinto Alves Vieira – Tenente-Coronel do Exército
Thiago Régis de Oliveira – Coronel do Exército
Wladimir Matos Soares – Agente da Polícia Federal
O julgamento ocorrerá em duas fases, nos dias 11 e 18 de novembro, com o processo já enviado pelo ministro Alexandre de Moraes à Primeira Turma do STF. As defesas negam a participação dos acusados e pleiteiam a absolvição, enquanto a PGR quer a condenação da maioria dos réus.
Esta ação criminal integra a série de investigações e julgamentos das ramificações da trama golpista. O núcleo 1 já teve condenações proferidas, envolvendo principalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os núcleos 2 e 4, ligados ao aparato jurídico e à desinformação, também devem ser levados a julgamento ainda este ano. O núcleo 5, relacionado a um empresário ligado à ditadura, ainda não tem data definida para análise.
O caso representa um marco na resposta do sistema judiciário brasileiro à ofensiva contra a democracia protagonizada por grupos militares e civis nos últimos anos, reafirmando o compromisso com a manutenção das instituições democráticas.