Vídeo: Capivaras desfilam na Cidade Administrativa e Febre Maculosa avança em Minas Gerais, com seis óbitos confirmados
Especialistas alertam para a relação entre capivaras e carrapatos; autoridades intensificam ações de prevenção

Luciano Meira
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais confirmou, até o final de outubro, 35 casos de febre maculosa em 2025, com seis óbitos registrados, reforçando o alerta para essa doença grave transmitida pelo carrapato-estrela. No contexto do crescimento populacional das capivaras em áreas urbanas, a preocupação tende a aumentar, dado que o roedor é considerado um dos principais hospedeiros desse vetor. Autoridades estaduais e municipais têm intensificado medidas de prevenção e busca ativa de casos, enquanto especialistas alertam para o papel das capivaras no ciclo epidemiológico, recomendando ações integradas para o controle da doença.
Panorama dos Casos e Óbitos
A febre maculosa é uma zoonose potencialmente letal, com taxa de mortalidade elevada caso o tratamento não seja iniciado precocemente. O estado de Minas Gerais presenciou neste ano uma expansão dos casos, especialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte e municípios vizinhos. O último boletim da Secretaria de Estado de Saúde detalha o número de casos e mortes, distribuídos por localidade:
| Município | Casos Confirmados | Óbitos Confirmados |
| Belo Horizonte | 5 | 0 |
| Itabira | 4 | 0 |
| Matozinhos | 4 | 2 |
| Santa Luzia | 3 | 0 |
| Caeté | 2 | 2 |
| Antônio Dias | 1 | 1 |
| Caratinga | 1 | 1 |
| Outros municípios* | 15 | 0 |
| TOTAL | 35 | 6 |
*Inclui cidades como Bambuí, Betim, Boa Esperança, Contagem, Itueta, Lagoa Santa, Ouro Preto, Paracatu, Pedro Leopoldo, Serranópolis de Minas, Serro, Varginha, Vespasiano e Volta Grande.
Carrapato-estrela e ciclo da doença
A transmissão da febre maculosa ocorre por meio da picada do carrapato-estrela infectado pela bactéria do gênero Rickettsia. Estudos apontam que apenas uma pequena parcela dos carrapatos está naturalmente contaminada, mas o contato com animais silvestres, principalmente capivaras, potencializa o risco. As capivaras, ao serem infectadas, tornam-se “amplificadores” do agente bacteriano, transmitindo para um grande número de carrapatos durante o período de bacteremia, que pode durar semanas. Dessa forma, locais próximos a margens de rios e parques urbanos habitados pelo roedor concentram maior risco.
O aumento da capivara nas cidades é visto, por especialistas, como um fenômeno que traz desafios à saúde pública. Por serem altamente prolíferas, as capivaras garantem constante renovação de uma população suscetível à bactéria, perpetuando e amplificando o ciclo de transmissão.
Medidas de Prevenção e Mitigação
Com o avanço da doença, órgãos estaduais e municipais adotaram uma série de medidas para conter o surto:
Mapeamento de áreas infestadas por carrapatos e monitoramento de populações de capivaras;
Distribuição gratuita de repelentes e produtos para assepsia nas regiões de risco;
Proibição de eventos e aglomerações em zonas reconhecidas como foco da doença;
Criação de grupos multidisciplinares de enfrentamento, envolvendo saúde, meio ambiente e epidemiologia;
Campanhas de educação para incentivar o uso de roupas claras, de mangas compridas, calçados fechados e meias de cano alto, além do uso de repelente à base de icaridina para quem frequenta áreas de vegetação e margens de rios;
Investimento em pesquisa para desenvolvimento de vacina voltada ao combate do carrapato-estrela, incluindo imunização de animais hospedeiros como capivaras.
O Ministério da Saúde reforça que, em caso de sintomas – como febre alta, dores intensas no corpo, manchas na pele e náuseas – o cidadão deve buscar atendimento médico imediato, devido à gravidade da doença e ao risco de morte.
Estudos e Recomendações
Pesquisadores brasileiros estudam estratégias inovadoras, como a vacinação de capivaras e outros animais hospedeiros, para reduzir a infestação de carrapato-estrela e, consequentemente, os casos de febre maculosa. Apesar dos avanços científicos, especialistas concordam que o controle ambiental, vigilância constante e comunicação eficiente com a população urbanizada são fundamentais para evitar novos surtos.
Veja o vídeo
Em 30/08, capivaras surpreendem funcionários na Cidade Administrativa em Belo Horizonte
Um grupo com mais de 20 capivaras foi flagrado transitando pela Cidade Administrativa de Minas Gerais, no bairro Serra Verde, em Belo Horizonte, na manhã da sexta-feira (29/08).
A cena inusitada chamou a atenção de quem passava pelo local, que também se impressionou com o porte dos animais, considerados maiores do que o habitual.