ANVISA aprova Mounjaro para tratamento da obesidade no Brasil

Luciano Meira
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou nesta segunda-feira (9) o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da obesidade e do sobrepeso em adultos no Brasil. Até então, o remédio era autorizado apenas para pacientes com diabetes tipo 2, mas já vinha sendo utilizado de forma off-label para perda de peso.Com a nova indicação, Mounjaro poderá ser prescrito a pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², caracterizando obesidade, ou para quem tem IMC a partir de 27 kg/m² (sobrepeso) associado a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes.
Como funciona o Mounjaro
O medicamento é aplicado por via injetável, uma vez por semana, e age imitando a ação de dois hormônios intestinais (GLP-1 e GIP), que ajudam a controlar o apetite e os níveis de açúcar no sangue. Essa atuação dupla diferencia o Mounjaro de outros medicamentos já disponíveis, como Ozempic e Wegovy, que atuam apenas no GLP-1.
Estudos clínicos internacionais mostraram que o uso de tirzepatida, associado a dieta e exercícios, proporcionou perda de peso média de até 22,5% em 72 semanas, com cerca de 40% dos participantes perdendo mais de 40% do peso corporal total. Além disso, o medicamento demonstrou impacto positivo na redução da circunferência abdominal, colesterol e pressão arterial.
Impacto e acesso
A aprovação representa um marco no combate à obesidade, doença que afeta milhões de brasileiros e está associada a mais de 200 complicações de saúde, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Segundo especialistas, a inclusão da indicação na bula pode facilitar o reembolso por parte de hospitais e convênios, ampliando o acesso ao tratamento.
O Mounjaro já está disponível no Brasil em duas dosagens (2,5 mg e 5 mg), com preços que variam entre R$ 1.406,75 e R$ 2.384,34 para caixas com quatro canetas, dependendo da dose e do canal de compra.
A decisão da ANVISA acompanha tendências internacionais, já que a tirzepatida também foi aprovada para obesidade nos Estados Unidos e na União Europeia. Especialistas ressaltam que, embora o medicamento seja uma ferramenta importante, o tratamento da obesidade deve sempre ser acompanhado de orientação médica, alimentação saudável e prática regular de atividades físicas.