Dudu Bananinha é desmentido pela Embaixada dos EUA
Deputado disse que coordenador de sanções dos EUA vem para encontrar o pai dele e tratar de sanções a Moraes

Luciano Meira
Acostumado a construir narrativas fantasiosas, como fez sobre sua fuga para os Estados Unidos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), após ficar sabendo que o Departamento de Estado estadunidense enviaria ao Brasil seu coordenador de sanções, David Gamble, rapidamente criou uma narrativa, mais um apito de cachorro para a bolha bolsonarista.No sábado (3), Bananinha disse em redes sociais e em entrevistas que Gamble viria ao Brasil para encontrar-se com seu pai e sabe-se lá com mais quem, para tratar de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes do STF e outras autoridades brasileiras.
Mal informado e claramente mal-intencionado, o deputado deixa claro que não sabia que a vinda do representante do governo Trump ao Brasil havia sido tratada previamente com o governo brasileiro para a realização de uma série de reuniões no Itamaraty, Ministério da Justiça e outros órgãos federais para tratar de assuntos de segurança pública, especialmente de tráfico de drogas e terrorismo. A cooperação entre os dois governos já acontecia; em abril, outra missão já havia estado no Brasil, diante da ação da Casa Branca contra gangues estrangeiras, após a polícia norte-americana anunciar a prisão de 18 brasileiros sob a suspeita de participar de ações do PCC.
Neste domingo (4), a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil não confirmou que o coordenador de sanções do Departamento de Estado norte-americano, David Gamble, desembarca em Brasília na segunda-feira (5) para tratar de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades brasileiras.
“Ele (Gamble) participará de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais e discutirá os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”, diz a nota da Embaixada.A nota da Embaixada também não cita qualquer encontro com adversários do governo Lula (PT) , do ministro Alexandre de Moraes, nem fala em sanções a qualquer autoridade brasileira.
Acometidos do mais puro “vira-latismo” latino-americano, bolsonaristas apostam na Lei Magnitsky, que prevê a aplicação de sanção a pessoas acusadas de violação de direitos humanos e corrupção, alegando que o ministro Alexandre de Moraes do STF violou os direitos humanos ao agir contra a liberdade de expressão de pessoas (brasileiros suspeitos de crimes) nos EUA ao pedir bloqueio de perfis e informações a big techs.
Entre as punições previstas na Lei Magnitsky para esses casos, estão a proibição de entrada nos Estados Unidos e bloqueio financeiro em instituições financeiras com base no país, como empresas de cartão de crédito.
Não satisfeitos, bolsonaristas também pedem que as mesmas sanções sejam aplicadas ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que denunciou a quadrilha cívico-militar envolvida na tentativa de Golpe de Estado.
Amanhã, terça-feira (6), mais um grupo de militares da reserva e civis, o chamado “núcleo 4”, será julgado pela Primeira Turma do Supremo pela denúncia feita pela PGR por suposta participação na tentativa de golpe.