General Augusto Heleno fica em silêncio no depoimento ao STF sobre tentativa de golpe

General da reserva Augusto Heleno Foto: Reprodução Youtube
Luciano Meira

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro, prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Heleno, considerado peça central do chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista, optou por permanecer em silêncio diante dos questionamentos do relator Alexandre de Moraes e só respondeu às perguntas formuladas por sua própria defesa.

Estratégia de defesa e temas do interrogatório

A estratégia de silêncio parcial foi anunciada logo no início da audiência pelo advogado Matheus Milanez. O general respondeu apenas a questões pessoais e às indagações de sua defesa, recusando-se a comentar temas centrais da investigação, como o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para produção de notícias falsas sobre urnas eletrônicas e a agenda apreendida em sua residência, que continha anotações sobre um roteiro para o golpe.O ministro Alexandre de Moraes registrou todas as perguntas na ata da sessão, mesmo sem obter respostas. Entre os pontos destacados, estavam questionamentos sobre a participação de Heleno em reuniões ministeriais, documentos que orientavam o descumprimento de decisões do STF e a possibilidade de prisão em flagrante de delegados da Polícia Federal que cumprissem ordens judiciais consideradas ilegais pelo núcleo do governo.

Acusações e contexto

Heleno responde por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele teria atuado em alinhamento com outros integrantes do governo para articular a resistência ao resultado eleitoral e difundir desinformação sobre o sistema eleitoral, além de supostamente comandar ações clandestinas da chamada “Abin paralela”.

Contraponto da defesa

A defesa do general argumenta que não há elementos concretos que apontem seu envolvimento direto ou indireto na suposta trama e que Heleno manteve a normalidade da transição governamental após a derrota de Bolsonaro. Testemunhas apresentadas pela defesa também negaram que ele tenha promovido politização do GSI ou discutido a chamada “minuta do golpe”.

Próximos passos

O depoimento de Heleno marca a continuidade da fase de interrogatórios dos principais réus do processo, que inclui outros ex-ministros e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso segue com grande atenção no meio jurídico e político, dada sua relevância para o esclarecimento dos fatos relacionados à tentativa de ruptura institucional.

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