General ‘cagão’ é advertido durante audiência de testemunhas da trama golpista

Para Feire Gomes, que Braga Netto chamou de ‘cagão’, Moraes indagou se militar mentiu sobre apoio de almirante a Bolsonaro

O general Freire Gomes foi chamado de “cagão” pelo general Braga Netto por causa da recusa ao plano golpista – Foto: Isac Nóbrega/PR
Luciano Meira

O general de Exército Marco Antônio Freire Gomes foi advertido pelo ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (19) no Supremo Tribunal Federal (STF) durante audiência das testemunhas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos réus do núcleo 1 da trama golpista.O ministro perguntou se o general estaria mentindo ao não repetir o trecho do depoimento prestado à Polícia Federal no qual afirmou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, teria se colocado à disposição de Bolsonaro durante a reunião na qual um estudo jurídico foi apresentado para embasar a trama golpista que impediria a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

O depoimento a que se refere o ministro faz parte do relatório final da Polícia Federal citando os generais que se recusaram a aderir à tentativa de golpe, um deles foi o próprio general Marco Antônio Freire Gomes, que pela recusa ao plano foi chamado de “cagão” pelo general Braga Netto.

“O senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui.”, indagou Moraes.

O general respondeu que “em 50 anos de Exército, jamais mentiria” e esclareceu que Garnier falou que “estava com o presidente”, mas que não caberia a ele interpretar o objetivo da declaração.

Voz de prisão

Freire Gomes negou que tenha dado voz de prisão a Bolsonaro que apresentou na reunião, cuja data não soube precisar, um estudo com propostas de decretação de um Estado de Sítio e de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país.

“Não aconteceu isso [voz de prisão], de forma alguma. Eu alertei ao presidente que se ele saísse dos aspectos jurídicos, além de não concordamos com isso, ele seria implicado juridicamente”.

Audiência

O depoimento do general foi encerrado por volta das 18h30. A próxima audiência será na quarta-feira (21), quando será a vez do ex-comandante da Aeronáutica Batista Júnior ser ouvido.

No total, serão ouvidas 82 testemunhas entre os dias 19 de maio e 2 de junho indicadas pela PGR e pelas defesas dos acusados.

Após as testemunhas, será a vez de Bolsonaro e os demais réus serem interrogados em datas ainda a serem definidas.

O ex-presidente e os demais sete réus que formam o Núcleo 1, também chamado de Núcleo Crucial, respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Os oito réus que tiveram a denúncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março, são:

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

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