Polícia apreende 21 toneladas de sabão em pó falsificado na grande BH
Apreensões somam 140 toneladas em um ano

Luciano Meira
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apreendeu cerca de 21 toneladas de sabão em pó falsificado em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ação ocorreu durante a terceira fase da operação “Lavagem Perfeita”, que investiga a falsificação de produtos saneantes no estado. Em um ano de apuração, a operação já resultou na apreensão de mais de 140 toneladas de produtos adulterados na Grande BH.
Os materiais mais recentes foram encontrados em um galpão clandestino utilizado para armazenamento e envasamento de produtos com identificação visual falsificada de uma marca famosa de sabão em pó. No local, além do sabão em pó adulterado, os policiais civis apreenderam grande quantidade de embalagens e máquinas industriais utilizadas na produção e envasamento do produto. Segundo o delegado responsável pela operação, Magno Machado, os produtos apreendidos na quinta-feira estavam prontos para serem colocados no mercado. Nenhum suspeito foi encontrado no local da apreensão.
De acordo com as investigações, há indícios de que o esquema envolva uma organização criminosa estruturada, especializada na falsificação e distribuição de produtos. O grupo tem sido investigado desde maio de 2024 e foi apontado como especialista na adulteração de produtos saneantes de grandes marcas, atuando no estado desde 2023. A operação já levou à prisão de 19 pessoas desde o seu início.
A composição dos materiais adulterados é desconhecida. Após análise laboratorial, verificou-se que os produtos contêm uma grande quantidade de sal e estão totalmente em desacordo com as especificações do fabricante original.

O uso desses produtos falsificados coloca em risco a saúde pública, prejudica os consumidores e gera concorrência desleal no mercado. O contato do produto falsificado com o corpo humano poderia causar alergias, irritações e lesões de pele. Além disso, a atividade irregular afeta bruscamente a economia do estado, gerando milhões de prejuízo para as empresas fabricantes.
Segundo o delegado Magno Machado, a própria fabricante original apontou Minas Gerais como um polo de falsificação desses produtos no país. Grande parte do material falsificado viria do estado da Bahia em grandes pacotes e seria trazido para a Região Metropolitana de Belo Horizonte para ser envasado em embalagens de marcas conhecidas. Informações também apontam para fábricas de envasamento em Divinópolis e Nova Serrana. Grande parte dessa falsificação feita em Minas Gerais é depois encaminhada para São Paulo e outros estados, facilitada pela malha rodoviária.
Os investigados foram indiciados por falsificação de produtos saneantes, crimes contra a saúde pública e organização criminosa. A infração está prevista no artigo 273 do Código Penal, com pena de 10 a 15 anos de reclusão, a mesma faixa de punição aplicada a casos de tráfico de drogas. O delegado Adriano Moreira, chefe do departamento, destacou a importância da ação policial em impedir que esse produto chegasse a entrar em circulação. Embora comerciantes que vendam os produtos contrafeitos possam ser responsabilizados criminalmente, o foco da polícia é combater a origem do crime e fechar as fábricas, dada a sofisticação da falsificação que inclui as embalagens.
Em fases anteriores da operação “Lavagem Perfeita”, em maio/24, foram apreendidas 50 toneladas, e dois meses depois, em julho/24, outras 61 toneladas foram encontradas em outra fábrica. As ordens judiciais de prisão e busca e apreensão foram expedidas para endereços em Ribeirão das Neves, Igarapé e São Joaquim de Bicas.
A ação foi conduzida pela 1ª Delegacia Especializada de Investigação de Fraudes, vinculada à Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária (Deccof).