Zé Dirceu era alvo de assassinato na trama golpista
Petista era o tal 'Juca' no Plano Punhal Verde Amarelo

Luciano Meira
O plano Punhal Verde Amarelo, elaborado pelo general Mario Fernandes para o assassinato de autoridades na trama golpista de 2022, que pretendia assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckimin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes, trazia em seu conteúdo o codinome de um quarto alvo, que ainda não havia sido identificado, mas agora se sabe que o codinome Juca havia sido atribuído ao ex-ministro José Dirceu (PT).
Nascido em 13 de março de 1946 em Passa Quatro (MG), José Dirceu (79) é advogado formado pela PUC-SP. Durante 1987 a 1991, atuou como deputado estadual por São Paulo. Por três legislaturas, 1991 a 2005, foi deputado federal e, entre 2003 e 2005, foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (PT).O nome do ex-ministro como alvo da operação militar criminosa foi confirmado por pessoas com acesso às investigações.
Ao longo das investigações, a Polícia Federal já cogitava que Dirceu poderia ser o alvo desconhecido do plano Punhal Verde Amarelo, pela influência exercida pelo petista nas gestões anteriores de Lula no Palácio do Planalto.
Os investigadores ainda levantaram outros nomes como possíveis referências ao codinome Juca, como Flávio Dino e Rui Costa, hoje ministros respectivamente do STF e da Casa Civil, e o chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Ribeiro.
Porém, a PF diz que “não obteve elementos para precisar quem seria o alvo da ação violenta planejada pelo grupo criminoso”.
Mesmo com a antiga relação com Lula e sua influência no Partido dos Trabalhadores, Zé Dirceu não frequenta o Palácio do Planalto, ainda assim, naquela ocasião, os criminosos fardados acreditavam que o ex-ministro seria alguém importante no terceiro governo do presidente Lula, por isso no plano de assassinato foi descrito como a “iminência parda [sic] do 01 e das lideranças do futuro gov [governo]”. “A sua neutralização desarticularia os planos da esquerda mais radical”.
O mentor do plano criminoso, o general Mario Fernandes chega a dizer que não haveria “grande comoção nacional” por causa do assassinato de Zé Dirceu.
Os criminosos também planejavam o envenenamento de Lula, o Jeca, para causar um “colapso orgânico”. A ação era descrita no plano como suficiente para matar o presidente eleito, considerando o “estado de saúde [de Lula] e a ida frequente a hospitais”.
No caso do vice-presidente Alckmin, o Joca, o plano previa que sua “neutralização extinguiria a chapa vencedora”. O general acreditava que assim como a morte de Zé Dirceu a do vice também não causaria grande comoção.
Mario Fernandes está preso aguardando julgamento pela Primeira Turma do STF que recebeu a denúncia da PGR contra ele e outros cinco acusados de participar da trama golpista.