Clara Charf, símbolo da resistência e dos direitos das mulheres, morre aos 100 anos em São Paulo

Ativista histórica das lutas democráticas e viúva de Carlos Marighella, Clara marcou gerações como referência de coragem frente à ditadura militar

Clara Charf – Foto: Reprodução Redes Sociais
Luciano Meira

Morreu nesta segunda-feira (3), em São Paulo, aos 100 anos, a militante política Clara Charf, figura fundamental da luta pela democracia no Brasil e ativista em defesa dos direitos das mulheres. Viúva de Carlos Marighella – um dos principais nomes da resistência à ditadura militar –, Clara construiu, ao longo de cem anos, uma trajetória marcada pelo enfrentamento aos regimes autoritários e pelo protagonismo feminino em movimentos sociais.​Nascida em Maceió, em 1925, filha de judeus russos que fugiram da Europa devido à perseguição antissemita, Charf se mudou ainda jovem para Recife, onde começou a despertar para a militância política motivada pela pobreza e pelas injustiças sociais. Nos anos 1940, ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, no Rio de Janeiro, conheceu Marighella, com quem dividiria clandestinidade, ideais e a luta contra os regimes de exceção.​

Durante a ditadura militar instaurada em 1964, Clara e Marighella integraram a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização da luta armada contra o regime. Após o assassinato do companheiro em 1969, Clara enfrentou perseguição, foi presa e viveu dez anos de exílio em Cuba, atuando como tradutora e militando junto a representantes de diversos países latino-americanos.​

De volta ao Brasil com a Lei da Anistia, em 1979, Clara filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), onde se engajou no movimento feminista e nas campanhas pela redemocratização, buscando resgatar a memória dos mortos e desaparecidos políticos. Foi candidata a deputada e presidiu a Associação Mulheres Pela Paz, entidade que fundou em 2003 para combater a violência e garantir protagonismo às mulheres.​

A contribuição de Clara Charf à história do país vai além de sua biografia marcada por coragem. Seu nome se tornou referência nacional do engajamento feminino e da busca pela justiça social, inspirando diferentes gerações de ativistas e movimentos populares.

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