Hugo Motta: O dono do cofre e o algoz da população
Presidente da Câmara usa o poder das emendas para retaliar o governo, proteger interesses familiares e travar avanços que beneficiariam milhões de brasileiros

Luciano Meira
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), transformou o Parlamento em balcão de negócios privados e palco de chantagens políticas. Enquanto o país clama por investimentos em saúde, educação e infraestrutura, Motta faz da liberação de emendas um instrumento de barganha pessoal, priorizando a própria família e sua base eleitoral em detrimento do restante da população.
Em dezembro passado, o ministro Flávio Dino, do STF, bloqueou uma superemenda de mais de R$ 13 milhões destinada à cidade de Patos, na Paraíba — governada por Nabor Wanderley, pai de Motta. Não por acaso, Patos, com pouco mais de 100 mil habitantes, foi contemplada com a segunda maior emenda entre 5.449 bloqueadas. Só João Pessoa, a capital do estado, recebeu valor superior. O nepotismo é explícito: além do pai, o avô paterno e a avó materna de Motta também já comandaram a prefeitura local, consolidando um verdadeiro feudo familiar.A Polícia Federal e a CGU já investigam contratos superfaturados e suspeitas de fraude em obras financiadas por essas emendas, com prejuízos milionários aos cofres públicos. Mas, para Motta, tudo não passa de “empenho em buscar recursos” para Patos, ignorando o fato de que a cidade virou símbolo do desvio de finalidade das emendas parlamentares.
Quando o STF exigiu transparência e rastreabilidade nas emendas, Motta reagiu com fúria: ameaçou travar projetos do governo na Câmara, inclusive iniciativas que beneficiariam diretamente a população, como a regulamentação de impostos e medidas fiscais essenciais para o equilíbrio das contas públicas. Em vez de dialogar, preferiu o confronto, cancelando até mesmo sua presença em reuniões no Supremo para evitar explicações sobre o uso político das verbas.
A postura de Motta é sintomática de um Congresso que, sob sua liderança, prefere proteger privilégios e interesses próprios a enfrentar os desafios estruturais do país. Em vez de aprovar reformas ou discutir pautas de interesse coletivo, deputados e senadores se ocupam em inflar fundos partidários, criar benefícios para setores com lobby forte e garantir a manutenção de supersalários — tudo às custas do contribuinte.
Nas redes sociais, Motta tenta posar de vítima, acusando o governo de “dividir o país” e negando traição ao barrar medidas como o aumento do IOF, que ajudaria a financiar políticas públicas. Mas sua atuação revela, na prática, o oposto: um presidente da Câmara disposto a sequestrar o interesse público para alimentar a própria ganância e perpetuar um ciclo de poder familiar e clientelista.
Enquanto isso, Patos, a “capital do sertão”, se transforma no epicentro do velho Brasil, onde o dinheiro público serve de moeda de troca para manter dinastias políticas e travar o progresso de todo um país.