Médico de Itabira é indiciado por abuso sexual contra 15 mulheres

Vítimas eram vulneráveis, seja por doença ou por alguma questão de conflito familiar

O médico e mastologista Danilo Costa
Da redação

O médico e mastologista Danilo Costa, de 46 anos, foi indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), acusado de abuso sexual contra 15 mulheres, entre elas pacientes e colegas de trabalho em um hospital de Itabira, na região Central do estado. As informações foram divulgadas pela instituição na segunda-feira (17).O médico, que trabalhava no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), foi preso no dia 4 de fevereiro, quando a Polícia cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão na residência dele. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público (MPMG), que vai decidir se aceita ou não a denúncia.Segundo a PCMG, entre as vítimas estão nove pacientes e seis funcionárias do hospital onde o profissional atuava. O delegado responsável pelo inquérito, João Martins Teixeira, destacou que, ao longo das apurações, foram ouvidas não somente essas mulheres, mas também colegas de trabalho do suspeito.

“Conseguimos perceber um padrão das vítimas. Elas eram muito vulneráveis, seja por uma doença ou por alguma questão de conflito familiar”, destacou.

Apurações

Conforme a PCMG, em um dos casos, denunciado no dia 24 de janeiro, ficou constatado, por meio de laudos periciais, a presença de Antigênio Específico da Próstata (PSA) no corpo da vítima, proteína produzida pelas células epiteliais da próstata.

O delegado afirmou que o exame deu negativo para a presença de espermatozoides. “Isso indica que o material colhido pertence a um homem vasectomizado. Durante as investigações, conseguimos verificar que esse suspeito havia feito essa cirurgia [vasectomia] tempos antes. Isso é mais um indício que robustece as investigações”, explicou.

A PCMG também averígua a possibilidade de haver outras vítimas na região. O suspeito permaneceu em silêncio durante o depoimento à polícia.

Entenda o caso

Conforme a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), as apurações foram iniciadas após uma paciente denunciar o abuso ocorrido durante atendimento com o suspeito para o tratamento de um câncer. Segundo o boletim de ocorrência, a mulher contou à polícia que foi agarrada assim que entrou no consultório. Após cometer o estupro, o médico teria dado a ela uma receita e agendado uma nova consulta para 90 dias depois.

A paciente contou, ainda, que o especialista a orientou a sair pelo corredor lateral para não ser percebida. Segundo a PM, desnorteada após a violência sexual, ela seguiu as orientações. Ao chegar em casa, chorando, ela contou para o filho sobre o ocorrido e a família foi a um hospital da cidade vizinha, João Monlevade, e acionou a polícia.

Segundo o delegado responsável pelo caso, após o relato da paciente, outras mulheres também denunciaram o médico. A pedido da Polícia Civil, a Justiça autorizou a prisão, a suspensão do passaporte do suspeito e um mandado de busca e apreensão na casa dele. O suspeito foi levado para o sistema prisional e segue à disposição do Judiciário.

“A Polícia Civil incentiva a população a relatar qualquer situação de abuso, garantindo total confidencialidade”, declarou Teixeira.

Em nota, o Hospital Nossa Senhora das Dores informou que afastou o médico assim que soube da primeira denúncia, no último dia 25, e que está cooperando com as autoridades na investigação. O comunicado ainda destaca garantia de acompanhamento às pacientes um processo administrativo interno para apurar os atos. Um novo médico vai ser indicado para assumir os atendimentos.

“O HNSD reitera seu compromisso com a ética, o respeito e a segurança de suas pacientes. A instituição deixa claro desta forma que não tolera nenhuma conduta inadequada dos seus profissionais e assegura que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para a completa elucidação do ocorrido. O hospital não compactua com atitudes de qualquer natureza que possam causar dano aos seus pacientes”, completa.