Tribunal de Justiça de Minas Gerais publica primeiro acórdão com resumo criado pelo ChatGPT

Decisão foi publicada no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 12/11

Da redação

De forma inovadora, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por meio da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), publicou, no dia 12/11, no Diário do Judiciário Eletrônico (DJe), o acórdão do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) nº 1.0000.22.157099-7/002 (Tema 91) com um resumo criado por Inteligência Artificial (IA).

O acórdão do IRDR – Tema 91 trata das ações consumeristas e discute a necessidade de o consumidor tentar resolver o problema de forma extrajudicial antes de ajuizar a ação.

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A equipe da Diretoria Executiva de Gestão da Informação Documental (Dirged), da Ejef, usou a ferramenta ChatGPT, da empresa OpenAI, de IA generativa (cria conteúdos novos com base em treinamento prévio), e a de pesquisa e anotações NotebookLM, do Google, para auxiliar na elaboração do resumo, em Linguagem Simples, da decisão que possui 44 páginas.

“O Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu, por maioria, que é necessário tentar resolver o problema diretamente com o fornecedor antes de ajuizar uma ação. Essa tentativa pode ser feita por diversos meios, como SAC, Procon, agências reguladoras, plataformas on-line ou notificação extrajudicial. Se o fornecedor não responder em 10 dias úteis, o consumidor pode acionar a Justiça”, diz trecho do resumo criado pela IA.

A revisão do texto do acórdão passou pela análise da equipe da Coordenação de Jurisprudência e Publicações Técnicas (Cojur), para assegurar a fidelidade da síntese ao texto original, mantendo a precisão e os pontos centrais da decisão.

“A inovação vai além da tecnologia: trata-se de um novo olhar sobre o acesso à Justiça, um passo concreto para que mais cidadãos compreendam seus direitos e a atuação do Judiciário. Acreditamos que essa iniciativa representa o futuro da comunicação judicial, no qual o uso de linguagem clara e a transparência se somam à tecnologia para aproximar o Judiciário do público, reforçando nosso papel na construção de uma sociedade adequadamente informada”, disse o desembargador Saulo Versiani.

Para o diretor da Dirged, Thiago Israel Simões Doro Pereira, esse trabalho inovador das equipes da Ejef não só facilita a compreensão da população sobre uma decisão relevante, como também está alinhado ao Pacto Nacional do Poder Judiciário pela Linguagem Simples, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ.

“Esse esforço é proeminente para o tema da ação, considerando que a maioria das ações dessa natureza são de competência do Juizado Especial e dispensam a necessidade de representação por advogado, de modo que deve ser conhecido pelo próprio cidadão”, afirmou.

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