Depois de banana com casca, Zema mistura golpe de estado, estupro e tráfico de drogas
Governador critica STF e questiona proporcionalidade das decisões judiciais em rede social

Luciano Meira – Belo Horizonte
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), usou suas redes sociais neste domingo (23/3) para criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, cabeleireira acusada de pichar a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.Na postagem, Zema tenta induzir as pessoas que há uma suposta desproporcionalidade da pena proposta pelo ministro Alexandre de Moraes —14 anos de prisão— em comparação com outras condenações, como os casos de Thiago Brennand, empresário condenado a 10 anos de prisão por estupro e André do Rap, líder do tráfico de drogas solto pelo STF em 2019 e foragido desde então. No vídeo postado Zema pergunta: “Você acha que isso é justo? Parece que tem alguma coisa errada com a Justiça do Brasil”, demonstrando claramente ignorância sobre a legislação criminal e a omissão das peculiaridades de cada caso. O voto do Ministro relator pede a condenação pela participação em uma tentativa de golpe de Estado com abolição violenta do estado de direito e dano ao patrimônio público, o que é muito mais que apenas uma pichação como quer fazer crer a postagem do governador.
Causar este tipo de confusão e divulgar notícias sem a devida contextualização, neste momento faz sentido se levarmos em conta o tipo de público que Zema pretende atingir na sua tentativa se fazer conhecido nacionalmente e se firmar entre negacionistas, terraplanistas, golpistas e outros apoiadores do ex-presidente.

A cebeleireira Débora foi presa pela Polícia Federal em março de 2023 durante a operação contra os golpistas do 8 de janeiro. Presa preventivamente desde então, nesta semana seu processo foi relatado pelo Ministro Alexandre de Moraes que pede uma pena de 14 anos, além da condenação à multa solidária de R$30 milhões como vem acontecendo com os demais golpistas. A frase pichada por ela é uma resposta do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, aos já derrotados apoiadores do ex-presidente que o hostilizaram nos Estados Unidos em novembro de 2022.
Até sexta-feira (28), Débora poderá ser mais uma entre as mais de 900 pessoas condenadas, que acreditaram em narrativas como esta que o governador tenta emplacar.